As rádios pirata em Portugal

O PÓS 25 DE ABRIL DE 1974

     Nos anos 70, Portugal estava “nacionalizado”. Vivia-se o período agitado do pós-revolução - a industria tinha sido quase toda nacionalizada, assim como a comunicação social.
     Em 1975, quase todas as emissoras estavam nas mãos do estado; excepto o Rádio Clube do Centro – Emissora das Beiras que emitia desde o Caramulo e Aveiro; a Rádio Altitude da Guarda e a Rádio Renascença. Nas Ilhas ainda ficaram nas mãos dos privados a Estação Rádio Madeira; o Posto Emissor do Funchal; o Rádio Clube Angra do Heroísmo e o Rádio Clube Asas do Atlântico.
    É em 1976, que se registam os primeiros pedidos de licenciamento de novas estações emissoras, mas foram todos recusados já que não existia enquadramento legal adequado. A ultima revisão legislativa datava de 1969, embora o programa do Movimento das Forças Armadas de 1974, contemplasse uma total revisão da lei de radiodifusão.
    Desde a década de 50, que não se registavam novas autorizações para emissão em Amplitude Modulada - a ultima foi concedida à Rádio Renascença. Em 1961, o governo distribuiu quatro coberturas nacionais em Frequência Modulada: uma ao Rádio Clube Português, uma à Rádio Renascença, e duas à Emissora Nacional.
    Em 1975, a RDP - ex-EN - recebeu mais três coberturas nacionais em Onda Média e a Rádio Renascença uma.
    Em 1979, a Conferencia Administrativa Mundial de Radiocomunicações, decide aumentar a Banda da Frequência Modulada de 100.0 MHz para 108.0 MHz.
     Com esta liberalização Portugal passa a dispor de mais 80 possíveis canais com um espaçamento de 100 kHz.
(continua...)
EM FASE DE PESQUISA

Amanhã vai doer mais.
Agora, ainda não demos por nada.
Temos o corpo quente da pancada.
Agora erguemos os copos e o espanto todo.

Agora não dói.
Agora, ainda não sabemos que dói.
É certo: o amor da rádio nunca acaba.
Afastai-vos da lepra que este silencio trás.

De quarentena companheiros.
Que aos outros, aos que sobram, este silencio também pesa.
Escutemos o silencio das vozes que sobram.
Sussurrante nostalgia do que virá.

Voltaremos à antena numa inesperada manhã, para dizer de novo:
O amor da rádio nunca acaba!
Erguemos pois os copos e os beijos.
Uma manhã destas, surpreenderemos os espantalhos do FM.
Amada rádio, até já.

Fernando Alves, Dezembro de 1988, no encerramento das Rádios Piratas, Livres, Locais – aos microfones da TSF-Rádio Jornal.

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Ultima actualização: 30 de Janeiro de 2016

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